terça-feira, 5 de março de 2019

Povoamento e ocupação dos Vales do Madeira, Mamoré e Guaporé


Entre as fases de desenvolvimento do estado de Rondônia podemos destacar 
- a descoberta de ouro no rio Corumbiara, no século XVIII; 
- a conquista e o povoamento dos vales do Guaporé, Mamoré e Madeira; 
- a construção do Real Forte do Príncipe da Beira, no período colonial; 
- o Primeiro e o Segundo Ciclos da Extração de Látex; 
- a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e a descoberta de minério de estanho (cassiterita) em 1952. 

O período mais expressivo do desenvolvimento regional ocorreu a partir da abertura da BR 364, e com implantação de projetos de colonização, pelo Governo Federal, através do INCRA.

Buscamos, de forma simples, apresentar como ocorreu a ocupação do espaço regional, que tem início no século XVIII, com a fundação da aldeia de Santo Antônio, pelo padre jesuíta João Sampaio, na primeira cachoeira do rio Madeira, sentido foz-nascente. 
Posteriormente as descobertas de ouro nos afluentes da margem direita do rio Guaporé despertaram interesses na Coroa Portuguesa pela posse da terra, portanto, em 1748, funda a capitania de Mato Grosso, cujos limites abrangiam a maior parte das terras do atual estado de Rondônia. 
Dom Antônio Rolim de Moura Tavares, considerado o primeiro governador da capitania de Mato Grosso (1751-1764), iniciou uma política de povoamento e fundação de feitorias ao longo dos rios Guaporé e Madeira e construiu o Forte de Conceição que foi substituído pelo Real Forte do Príncipe da Beira. 

Nesse mesmo período, iniciou-se a exploração fluvial do rio Madeira e seus afluentes Mamoré e Guaporé, pela Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, que utilizava essa rota fluvial com exclusividade para o abastecimento das minas de ouro dos afluentes do rio Guaporé e da capital da capitania de Mato Grosso (Vila Bela da Santíssima Trindade).
Com a decadência da mineração, no vale guaporeano, no final do  século  XVIII,  a  região  foi  abandonada  por  um período aproximado de 100 anos.

A partir de 1877, com o desenvolvimento da indústria de produtos derivados de látex o vale do Madeira e seus afluentes foram  ocupados  pelos seringueiros que, na sua maioria, eram retirantes que fugiam da seca que assolava o nordeste Brasileiro. 

A construção da Ferrovia Madeira Mamoré (1887), marcou um importante ponto nas relações diplomáticas entre Brasil e  Bolívia.  Constitui-se  também  num  elemento  definidor da ação Imperialista de potências estrangeiras na região amazônica. A Madeira Mamoré representa um dos marcos da  modernidade  capitalista  liberal  nos  confins  da  selva  do Madeira. 
A construção da EFMM objetivava atender as necessidades de transporte de mercadorias e cargas pelo trecho encachoeirado do Madeira e Mamoré. Deveria facilitar o escoamento da produção de borracha e das exportações bolivianas. 
A construção da ferrovia atende também ao que foi previsto pelo Tratado de Petrópolis e constituiu-se em um dos elementos decisivos para o impulso do recente processo de migração para a região desencadeada a partir do século XX. 
Ao longo da ferrovia surgiram diversos núcleos de povoamento e dois municípios; Porto Velho e Guaiará-Mirim. ‘Trabalharam em suas obras mais de 20.000 operários de diversas nacionalidades. Calcula-se que 6.500 trabalhadores tenham morrido vítimas das doenças tropicais. A obra custou o equivalente a vinte e oito toneladas de ouro pelo câmbio de 1912.
A construção da ferrovia deu a Companhia Madeira Mamoré o direito de exploração das terras que lhe eram adjacentes. Com a crise da borracha e a retração da economia amazônica EFMM entrou em decadência. Foi nacionalizada em 1931 e desativada pelo 5° BEC por ordem do Ministério do Interior, em 10 de julho de 1972. Alguns pequenos trechos, no entanto, foram reativados no início da década de 80 para fins turísticos  em  Porto  Velho  e  Guajará-Mirim  durante  o governo do Coronel Jorge Teixeira.


Entre 1877 e 1915, surgiram os povoados de Urupá (origem da atual cidade de Ji-Paraná), Pimenta Bueno, Jaru, Papagaios (atual cidade de Ariquemes) e diversos outros que surgiram e desapareceram como Santo Antônio do Rio Madeira, que chegou a ser uma cidade e o povoado de Samuel, no rio Jamari.


Com a desvalorização do preço do látex no mercado internacional  a  região  ficou  estagnada,  a  partir  de  1912,  por um período de aproximadamente 30 anos, e ocorreu o retorno de seringueiros a suas regiões de origem. 

Em 13 de setembro de 1943, no auge do Segundo Ciclo da Borracha, o presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto-Lei 5.812, criando o Território Federal do Guaporé, com áreas desmembradas dos estados de Mato Grosso e Amazonas. Em 1956, o Território passa a ser denominado de Território Federal de Rondônia. Desta época data a última grande leva de migrantes para a região, composta quase que exclusivamente de nordestinos vinculados á exploração de seringueira, e denominados “Soldados da Borracha”.


Em 1945 foram criados os municípios de Guajará-Mirim, que ocupava toda a região do Vale do Guaporé, e, Porto Velho, abrangendo toda a região de influências da atual BR - 364. 
Contudo, apesar do desaquecimento do mercado internacional da borracha, a região não se despovoou como no Primeiro Ciclo, mantendo alguns seringais ativos e prosseguindo o extrativismo da castanha e de algumas outras essências para atender o mercado europeu. 
Parte dos ex-soldados da  borracha  deixaram  os  seringais  e  fixaram-se  na Colônia Agrícola IATA, em Guajará- Mirim, criada em 1945, e na Colônia Agrícola do Candeias, em Porto Velho, criada em  1948. Tanto assim  que  os  primeiros  dados  demográficos disponíveis registram no final da década de 40 uma população de 36.935 habitantes em Rondônia, sendo 13.816 na área urbana e 23.119 na área rural, tendo a cidade de Porto Velho cerca  de  60%  da  população  total  da  época.  

Além disso, o traçado  telegráfico  estabelecido  por  Rondon  deu  início,  a partir de 1943, os primeiros passos para a construção da BR-29, posteriormente denominada BR-364.

Na década de 50 do século XX é descoberta a existência do minério de estanho (cassiterita), na região de Ariquemes. 

No início dos anos de 1960, foi aberta a BR 364, e partir de 1970, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA deu início à implantação de projetos integrados de colonização, gerando  um  intenso  fluxo  migratório  de  colonos, procedentes, principalmente, das regiões Sul e Sudeste do país. O fruto do processo de colonização foi o desenvolvimento das vilas e povoados remanescentes do período dos seringueiros e o surgimento de todas as cidades do estado de Rondônia, exceto Porto Velho e Guajará-Mirim. Porém, o desmatamento para  deixar  o  homem  no  campo  gerou  o desaparecimento de várias espécies vegetais, principalmente de madeiras nobres, além da destruição da fauna.

Pela Lei Complementar n° 41, de 22 de dezembro de 1981, sancionada pelo presidente João Baptista de Figueiredo, foi criado o estado de Rondônia, e, no dia 4 de janeiro de 1982, ocorreu a cerimônia de sua instalação. 

Na década de setenta e início da década de oitenta do  século  XX  o  fluxo  migratório  era  intenso  e  os  órgãos governamentais, na época, pouco se preocupavam com a preservação do meio ambiente, gerando como consequência um desmatamento desordenado.

 Durante as últimas décadas, a ação humana transformou as condições naturais da região e modernizou a economia regional, sem observar as questões ambientais e as disparidades regionais dos vales e da região ao longo da BR 364, onde ocorreu a maior transformação regional. Assim como a alteração da qualidade de vida da população ribeirinha que vive às margens dos rios e sobrevive da extração vegetal. Atualmente essas contradições, cada vez mais evidentes, fazem parte do espaço rondoniense e devem ser observadas. 

Os órgãos públicos a partir da implantação do Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia, iniciado em 1988, no governo de Jerônimo Santana, tem se preocupado com as questões ambientais. Através do PLANAFLORO ocorreu um delineamento efetivado pelo Zoneamento Socioeconômico e Ecológico, foi envolvido pela crença de que a divulgação de um estudo sério viesse contribuir para uma mudança de cultura das nossas futuras gerações.









Conteúdo de História de Rondônia no livro História Desenvolvimento e Colonização do Estado de Rondônia, obra do escritor Ovídio Amélio de Oliveira










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3 comentários:

Unknown disse...

Muito bom !!!

Anônimo disse...

Ótimo,excelente!

Rodrigo Nunes Simão disse...

ótimo conteúdo, parabéns.

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