“Depois de abandonar os seringais aos poucos a floresta vem
sendo novamente explorada”.
DOCUMENTÁRIO: https://vimeo.com/206145119
A GUERRA DA BORRACHA (Demo)
um documentário de Wolney Oliveira
A negativa do Banco da Amazônia (Basa) em continuar o repasse financeiro aos grandes seringalistas, resultaram no abandono dos seringais, nos anos 80. O seringueiro, a alma do trabalho extrativista, foi deixado a própria sorte sem nenhum amparo político ou social restando para esses trabalhadores apenas a alternativa de assumir os seringais. A União dos seringueiros do Estado começou a surgir nesse período e simboliza a luta pela sobrevivência da categoria que continua até hoje.
Em 1980, representantes do Instituto Estadual Florestal de
Rondônia fazem um levantamento em todos os seringais do Estado. Cinco anos
depois é a vez do Conselho Nacional dos Seringueiros se mobilizar, promovendo o
Primeiro Encontro Dos Trabalhadores do Acre e de Rondônia. A reunião acontece
em Guajará-Mirim por ser uma cidade de fronteira e resulta na criação da
primeira organização de seringueiros.
O ano de 89 é marcado pelo encontro de mais de 300
trabalhadores dos maiores seringais de Rondônia, Pacaás Novas e Ouro Preto. É
iniciado o processo que viabilizaria, no ano seguinte, a Organização dos
Seringueiros de Rondônia (OSR), primeira instituição voltada para os interesses
sociais e econômicos da categoria. Na ocasião, foi definida a estrutura das
associações em todos os municípios que deveria ser formada por comissões
compostas de um seringueiro titular e um suplente.
Em Guajará-Mirim foram eleitos nove membros e um soldado da
borracha. Um segundo encontro nacional, realizado em Rio Branco , firmaria a
luta dos seringueiros. Os trabalhadores passam a contar também com diversos
órgãos ligados a preservação ambiental, como o Instituto de Pesquisa de
Entidades de Defesa a Amazônia – que fez diversas visitas aos seringueiros para
conhecer a situação vivida pelos trabalhadores; o Coporé – Ação Ecológica do
Vale do Guaporé e o Paca – Proteção Ambiental ao Cacoerência, do Município de
Cacoal.
Nasce a OSR
Depois de mais de uma reunião, finalmente, em 90, é fundada
no Estado a Organização dos Seringueiros de Rondônia (OSR) sendo eleitos para
sua composição sete membros sem poderes específicos. A princípio, os membros
deveriam se reunir a cada sete meses, nos anos seguintes os encontros se
tornariam mensais. Manuel Teófilo – conhecido como Manduca, um do primeiro
fundadores da OSR explica que nas bases comunitárias trabalhavam, nessa época,
um engenheiro agrônomo, um sociólogo e dois biólogos que realizavam pesquisas
de proteção ambiental e também prestavam auxílio social junto aos
trabalhadores. Estes trabalhos de campo possibilitaram o acompanhamento nos
primeiros sete anos do processo evolutivo das comunidades seringalistas em todo
o Estado e permitiu a criação de diversas reservas extrativistas.
Em sua história mais recente, a luta é pela comercialização
da borracha. A organização criou uma cooperativa que tem como função a
implantação política-financeira da sociedade, a OSR iniciou a construção de uma
usina para beneficiar a borracha, em Candeias do Jamari. Começa então, a
próxima batalha dos seringueiros para vender o produto as grandes indústrias,
como Pirelli e outras. A borracha bruta custa R$ 0,70 e o produto depois de
beneficiado deve ser comercializado por R$ 1,50. o valor pode chegar a R$ 2,40
caso o Governo Federal passa a subsidiar o produção.
Luta pela
preservação das reservas
Com a diminuição do efetivo da Polícia Florestal, em 99, os
seringueiros passaram a enfrentar um problema: eles lutam agora para preservar
as reservas extrativistas dos constantes ataques de madeireiros e apropriadores
de terra e até de pescadores profissionais. Segundo informações de dirigentes
da Organização dos Seringueiros de Rondônia, as invasões nas principais
reservas ambientais têm sido constantes.
Representantes do Conselho Nacional dos Seringueiros
denunciam frequentemente invasões de pescadores profissionais, no período do
verão, em uma das maiores reservas extrativistas do Estado, a Pacaás Novos, em Guajará-Mirim. Os
pescadores matam os animais por divertimento e os deixam jogados nas praias ou
nas águas dos rios. A Pacaás Novos abriga mais de 40 famílias que exercem a
atividade extrativista.
Mulher
A discriminação contra o trabalho desenvolvido pela mulher ainda pode
ser sentida neste segmento. A mulher seringueira, presença constante nos
seringais e também dona de casa, até hoje não foi reconhecida como real
trabalhadora da atividade extrativista. Depois de anos de trabalho junto ao
marido e os filhos na extração da borracha, enquanto estes últimos conseguem se
aposentar, as seringueiras ainda lutam para conseguir amparo legal na velhice.
(Apostila Profª Sônia Arruda)
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