sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Forte Príncipe da Beira

Em ruínas, o secular Real Forte Príncipe da Beira será revitalizado, anunciou em Porto Velho o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Beto Bertagna. 



Construído em 1776, o Forte situa-se na fronteira brasileira com a Bolívia, a cerca de oitocentos quilômetros de Porto Velho. Tentativa anterior ocorrera ainda no regime militar, em 1983 (leia texto complementar), sem êxito.


Segundo o superintendente do Iphan para o Acre e Rondônia, Beto Bertagna, o Forte é um legado da ocupação portuguesa na região amazônica e o Brasil mantém hoje suas dimensões devido à inteligência militar e à estratégica dos portugueses na época. 


Os serviços começaram com o recrutamento de 30 famílias de moradores da região de Costa Marques e o apoio do comandante da 17ª Brigada de Infantaria de Selva (BIS), general-de-brigada Luiz Alberto Martins Bringel.

Para preservar o continente que lhes fora legado por bula papal em 1492 e pelo Tratado de Tordesilhas em 1494, os portugueses edificaram mais de duzentas fortificações. De todas elas, o Forte Príncipe da Beira é considerada a de localização e construção mais perfeitas. Iniciado em 20 de julho de 1776, quando foi lançada sua pedra fundamental, o Forte foi concluído em agosto de 1783, embora ainda faltassem executar alguns itens do projeto original.

A decisão de construí-lo baseou-se nas muitas escaramuças militares que, ao longo de décadas, buscaram estabelecer o domínio português ou espanhol sobre essas terras sul-americanas. 
Os combates intensificaram-se após o Tratado de Madri de 1750, que expandiu o domínio português profundamente na direção oeste, sobre as regiões protegidas pelos Fortes de Macapá (Amapá), São Joaquim (Roraima), São José de Marabitanas (Amazonas), São Gabriel (Amazonas), Tabatinga (Amazonas), Forte Príncipe (Rondônia), Coimbra (Mato Grosso do Sul), Iguatemi (Mato Grosso do Sul) e Jesus Maria e José (Rio Grande do Sul).

O Forte Príncipe protegia toda a margem direita dos rios Guaporé e Mamoré, na fronteira com a Bolívia.



Projetada pelo arquiteto italiano Domingos Sambucetti, que morreu de malária durante a obra, ganha agora, um projeto de recuperação de fortificações do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) que está permitindo conhecer melhor como era a vida dos ocupantes do Príncipe da Beira. 

Mais de 40 mil peças já foram encontradas nas escavações da parte interna do forte. “Há muitos restos de fardamentos, insígnias militares. 
Encontramos 2.200 balas de canhão”, relata Fernando Marques, arqueólogo do Museu Paraense Emílio Goeldi que desde o ano passado desenvolve trabalho de campo no sítio.

Um dos aspectos interessantes do material recolhido no trabalho de recuperação é a evidência da integração dos militares com a população da região. Nas escavações foram encontradas “louças europeias misturadas com cerâmicas nativas", segundo relata Marques. “Dentro do espaço do forte havia capela, hospital, boticário, costureiros. E, ao lado dele, foram surgindo comunidades”, descreve o arqueólogo. Segundo ele, suas instalações permitiam dar abrigo a cem soldados.

A área central onde grande parte dos objetos foram encontrados é um quadrado com 10 mil metros quadrados de área. A frente externa do forte tem 250 metros. A imponência da construção não chegou a ter emprego em batalha, já que o forte nunca esteve envolvido em combate.

Segundo Marques, a restauração do 'Forte' deve demorar mais dois ou três anos. Então, estará pronto para visitação turística. Como a construção fica num local isolado, a cerca de 800 km da capital Porto Velho, uma opção para atrair visitantes será incluí-lo em roteiros de turismo ambiental pela região.




Imagens  cedidas pela Prof. Jucélia







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